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Arquivo da tag: whisky tennessee
Por Alexandre Campos
Nosso destilado acabou de ser reconhecido pelo governo americano como um produto de denominação de origem brasileira. Dessa forma, a cachaça não precisará mais ser reconhecida como Brazilian Rum no mercado americano, podendo usar o nome de “cachaça” para efeitos de rótulo, marketing e comercialização.
Vitória e valorização do nosso produto no exterior. Motivo de orgulho para todos nós brasileiros em uma longa briga que conseguimos ganhar na base da negociação (já que reciprocamente reconhecemos também os whiskies Bourbon e Tennessee) e da insistência junto as autoridades americanas — afinal, somos brasileiros e não desistimos nunca, não é verdade?
Apesar da boa notícia, alguns produtores e apreciadores de cachaça ainda se queixam de que nossa bebida tem que ser mais valorizada não apenas no exterior, mas principalmente em nosso próprio país.
Fazendo um contraponto e tentando entender a queixa, a primeira pergunta que temos que fazer é: o que se entende por valorização de uma bebida?
A cachaça Pirassununga 51, por exemplo, é o segundo destilado mais consumido do mundo. Está atrás apenas da vodka Smirnoff, de acordo com os dados de 2011 da consultoria Drinks International (http://drinksint.com/news/categoryfront.php/id/38/Millionaires.html)
E a nossa Pitú está na sexta posição. Portanto, duas cachaças brasileiras são mais consumidas que o whiskey Jack Daniel’s. E dos dez destilados mais consumidos do mundo, temos duas cachaças e apenas um whisky escocês, o Johnnie Walker.
A Velho Barreiro está na décima primeira colocação. Nada mal, não? Resumindo, três cachaças e apenas um whisky escocês entre os onze destilados mais consumidos no mundo.
Voltamos a pergunta original: a nossa cachaça é valorizada?
Parece que sim de acordo com os números do mercado global. O brasileiro parece gostar, comprar e consumir cachaça. Já que não podemos creditar o alto consumo da bebida apenas ao mercado externo.
— Ah, mas meus amigos não tomam cachaça na balada. Eles tomam whisky!
— Mas qual whisky eles pedem? É Old Eight?
— Não, esse não. Eles pedem uns sofisticados…
Bom, nesse caso não estamos falando apenas das características organolépticas e das qualidades de uma bebida, mas do status social e prestígio proporcionados por ela. O assunto passa a ser de classes sociais e a discussão muda de figura.
E lembramos que não é todo whisky que projetará uma imagem de qualidade, prestígio e sofisticação entre os consumidores. Por que não valorizamos mais os whiskies Drury’s e Natu Nobilis?
Se a questão é que não valorizamos nossa cachaça com uma bebida Premium, algumas coisas têm que mudar então. A começar pela garrafa e embalagem de nossas cachaças. Me desculpem os puristas avessos ao marketing, mas a apresentação visual importa tanto quanto o líquido em si no segmento de bebidas Premium.
Adoro as cachaças Anísio Santiago, Salinas e Germana. São bebidas de excelente qualidade e as comparo a grandes whiskies. Mas não dá para esperar que o grande público, que não conheça tanto de bebida, ou o mercado internacional, chegue a mesma conclusão de que essas cachaças sejam bebidas de qualidade Premium julgando-se apenas pela apresentação visual. Em muitos casos, a primeira impressão é a que fica.
Publicado em Cachaças de Alambique
Com a tag Anísio Santiago, Cachaça, Germana, Glenmorangie, Jack Daniel’s, Salinas, whisky bourbon, whisky tennessee
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