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Fumaça Negra — Johnnie Walker Double Black

Por “O Cão Engarrafado”

Vou ser objetivo com vocês. Eu adoro qualquer coisa consumível que seja defumada. Isso inclui sólidos e líquidos. Quer me ver feliz? Faça um jantar que inclua, em algum momento, calabresa defumada, bacon ou salmão defumado. Ou os três. Com um bacontini. Sim, isso é um Martini com bacon.

Inclusive, há uns meses atrás, durante uma visita ao supermercado, achei que tinha feito uma descoberta que mudaria para sempre minha vida. Fumaça líquida. Fumaça líquida é uma espécie de essência, que você pode borrifar em cima de alimentos, para deixá-los com um certo aroma de fumaça. Ou seja, delícia líquida. Comprei logo dois vidros. Na minha imaginação, eu poderia defumar tudo agora. Pense em um hambúrguer defumado, com pão defumado, queijo defumado e alface defumado. Perfeito!

Não, não tem nada a ver. Mas a música é boa.

Meus primeiros testes com a fumaça líquida foram ótimos. Inclusive, fiz um espaguete com azeite, alho, pancetta, fumaça líquida e mais umas coisinhas que ficou bem decente. Só que aí eu comecei a ficar corajoso. E com a coragem, veio naturalmente a estupidez. Alguém aí já tentou iogurte defumado? Eu já, e é horrível.

Houve apenas uma coisa que eu não tentei defumar. Whisky. Não tentei porque, em um lampejo de consciência dentro da minha histeria defumatória, admiti que jamais produziria algo tão bom quanto, por exemplo, o Johnnie Walker Double Black.

O Double Black foi lançado em 2010, ano em que grande parte do porfólio da Johnnie Walker foi reformulado. De acordo com a marca, seu master blender, Jim Beveridge, teria utilizado o famosíssimo Black Label como ponto de partida, para posteriormente alterar sua fórmula, aumentando a participação de single malts provenientes da costa oeste da Escócia, famosos por seu aroma com caráter defumado.

Assim como o hambúrguer cem por cento bovino do McDonald’s, a composição exata dos single malts que compõe o Double Black é mantida em absoluto segredo. Entretanto, ao contrário da carne bovina, podemos especular que o Double Black contenha whiskies das destilarias Cardhu, Oban e Talisker, com uma generosa adição de Caol Ila e Lagavulin. Estes últimos provenientes da ilha de Islay, e famosos por seu aroma de fumaça. Bom, essa é uma hipótese. A outra é que Jim Beveridge borrifou fumaça líquida em um Black Label. Mas olha, se pudesse apostar, apostaria na primeira teoria.

O Double Black é um blend sem idade determinada. Ou seja, a garrafa não informa a idade do whisky mais novo na sua composição. Ainda que muitos considerem um demérito, o no-age-statement permite que se crie um produto mais consistente e regular, buscando sabores específicos, como é o caso do Double Black. Isso é uma tendência até entre single malts de peso, como o Dalmore King Alexander III e o Macallan Ruby (e aí, ainda acha isso um demérito?)

Eca, que nojo.

O Johnnie Walker Double Black possui aroma predominantemente defumado, mas com caráter também floral, doce e equilibrado. Se você está começando no mundo dos whiskies com aroma de fumaça, e está buscando algo versátil e ao mesmo tempo com bom custo-benefício, o Double Black é minha sugestão. Ou isso, ou compre um pouco de fumaça líquida e borrife sobre o mundo. Boa sorte!

JOHNNIE WALKER DOUBLE BLACK

Tipo: Blended Whisky sem idade definida
Marca: Johnnie Walker
Região: N/A
ABV: 40%

Notas de prova:
Aroma: frutado, levemente cítrico, com caramelo e leve fumaça. Lembra bastante molho barbecue.
Sabor: bem mais defumado do que o aroma, levemente picante, com final defumado e salgado.
Com Água: adicionando-se um pouco de água, o sabor defumado e picante fica menos evidente, e o caráter frutado e doce fica mais claro.

“O Cão Engarrafado” é Maurício Porto, advogado e colecionador de whisky. Seu interesse pelo destilado nasceu após uma viagem à Escócia, onde conheceu várias destilarias e o processo de fabricação de seus whiskies. Participou ainda de diversos cursos sobre a bebida, muitos organizados pela Single Malt Brasil (SMB) e pela Wine and Spirit Education Trust (WSET) de Londres. Assina o blog homônimo, “O Cão Engarrafado” (www.ocaoengarrafado.com.br).

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Green e Gold Label, seus dias estão contados!

Rest in Peace Amigos!

Se você gosta do Green e do Gold Label é melhor aproveitar o que talvez sejam os seus últimos momentos na companhia desses dois belíssimos whiskies da Johnnie Walker.

A empresa britânica Diageo (dona da marca) anunciou no início deste mês a substituição do Blended Malt Green Label 15 anos e do Blended Gold Label 18 anos por dois novos Blendeds, o Platinum Label 18 anos e o Gold Label Reserve — este último tendo o Single Malt Clynelish como seu principal malte.

Não se sabe ao certo a que passo a mudança no portfólio da Johnnie Walker ocorrerá. De acordo com as informações divulgadas até o momento, o Green Label 15 anos será mantido apenas em Taiwan e retirado de circulação em outros mercados em um prazo de um ano. Já o Gold Label 18 anos também deverá ser retirado de circulação dentro do prazo de um ano.

Com a saída do Green Label 15 anos a Johnnie Walker dá adeus ao seu único Blended Malt e reduz o seu portfólio para apenas dois whiskies com idades mínimas de envelhecimento definidas: o Black Label 12 anos e o Platinum Label 18 anos.

Os Novos Membros da Família Johnnie Walker

 

Está difícil para a Diageo manter Blendeds com idades mínimas de envelhecimento.  Seus estoques de whiskies mais velhos vem diminuindo consideravelmente devido ao crescente aumento da demanda em mercados emergentes como Brasil, China e Índia. A empresa já tinha lançado no ano passado o Double Black, outro whisky sem idade definida. Resta saber agora se o Black Label 12 anos também está com os seus dias contados.

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