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Arquivo da tag: Dalmore King Alexander III
Por “O Cão Engarrafado”
Vou ser objetivo com vocês. Eu adoro qualquer coisa consumível que seja defumada. Isso inclui sólidos e líquidos. Quer me ver feliz? Faça um jantar que inclua, em algum momento, calabresa defumada, bacon ou salmão defumado. Ou os três. Com um bacontini. Sim, isso é um Martini com bacon.
Inclusive, há uns meses atrás, durante uma visita ao supermercado, achei que tinha feito uma descoberta que mudaria para sempre minha vida. Fumaça líquida. Fumaça líquida é uma espécie de essência, que você pode borrifar em cima de alimentos, para deixá-los com um certo aroma de fumaça. Ou seja, delícia líquida. Comprei logo dois vidros. Na minha imaginação, eu poderia defumar tudo agora. Pense em um hambúrguer defumado, com pão defumado, queijo defumado e alface defumado. Perfeito!
Meus primeiros testes com a fumaça líquida foram ótimos. Inclusive, fiz um espaguete com azeite, alho, pancetta, fumaça líquida e mais umas coisinhas que ficou bem decente. Só que aí eu comecei a ficar corajoso. E com a coragem, veio naturalmente a estupidez. Alguém aí já tentou iogurte defumado? Eu já, e é horrível.
Houve apenas uma coisa que eu não tentei defumar. Whisky. Não tentei porque, em um lampejo de consciência dentro da minha histeria defumatória, admiti que jamais produziria algo tão bom quanto, por exemplo, o Johnnie Walker Double Black.
O Double Black foi lançado em 2010, ano em que grande parte do porfólio da Johnnie Walker foi reformulado. De acordo com a marca, seu master blender, Jim Beveridge, teria utilizado o famosíssimo Black Label como ponto de partida, para posteriormente alterar sua fórmula, aumentando a participação de single malts provenientes da costa oeste da Escócia, famosos por seu aroma com caráter defumado.
Assim como o hambúrguer cem por cento bovino do McDonald’s, a composição exata dos single malts que compõe o Double Black é mantida em absoluto segredo. Entretanto, ao contrário da carne bovina, podemos especular que o Double Black contenha whiskies das destilarias Cardhu, Oban e Talisker, com uma generosa adição de Caol Ila e Lagavulin. Estes últimos provenientes da ilha de Islay, e famosos por seu aroma de fumaça. Bom, essa é uma hipótese. A outra é que Jim Beveridge borrifou fumaça líquida em um Black Label. Mas olha, se pudesse apostar, apostaria na primeira teoria.
O Double Black é um blend sem idade determinada. Ou seja, a garrafa não informa a idade do whisky mais novo na sua composição. Ainda que muitos considerem um demérito, o no-age-statement permite que se crie um produto mais consistente e regular, buscando sabores específicos, como é o caso do Double Black. Isso é uma tendência até entre single malts de peso, como o Dalmore King Alexander III e o Macallan Ruby (e aí, ainda acha isso um demérito?)
O Johnnie Walker Double Black possui aroma predominantemente defumado, mas com caráter também floral, doce e equilibrado. Se você está começando no mundo dos whiskies com aroma de fumaça, e está buscando algo versátil e ao mesmo tempo com bom custo-benefício, o Double Black é minha sugestão. Ou isso, ou compre um pouco de fumaça líquida e borrife sobre o mundo. Boa sorte!
JOHNNIE WALKER DOUBLE BLACK
Tipo: Blended Whisky sem idade definida
Marca: Johnnie Walker
Região: N/A
ABV: 40%
Notas de prova:
Aroma: frutado, levemente cítrico, com caramelo e leve fumaça. Lembra bastante molho barbecue.
Sabor: bem mais defumado do que o aroma, levemente picante, com final defumado e salgado.
Com Água: adicionando-se um pouco de água, o sabor defumado e picante fica menos evidente, e o caráter frutado e doce fica mais claro.
“O Cão Engarrafado” é Maurício Porto, advogado e colecionador de whisky. Seu interesse pelo destilado nasceu após uma viagem à Escócia, onde conheceu várias destilarias e o processo de fabricação de seus whiskies. Participou ainda de diversos cursos sobre a bebida, muitos organizados pela Single Malt Brasil (SMB) e pela Wine and Spirit Education Trust (WSET) de Londres. Assina o blog homônimo, “O Cão Engarrafado” (www.ocaoengarrafado.com.br).
Por César Adames
ATÉ O MAIS TRADICIONAL DOS DESTILADOS ESTÁ SUJEITO A MUDANÇAS. CONHEÇA AS ATUAIS TENDÊNCIAS DESTE UNIVERSO.
A idade não importa (tanto)
O brasileiro consumiu 38,7 milhões de litros em 2012. Em 2013, o número aumentou 42%. E esse é um crescimento global. Como seria, então, possível para as destilarias estocar seus rótulos por 12, 15, 18 ou mais anos, se elas mal acompanham a demanda? A solução encontrada por algumas empresas foi tirar a idade de seus rótulos e substituí-la por outras denominações.
É o caso do Macallan, considerado por muitos o Rolls-Royce dos single malts. No final do ano passado, o Brasil recebeu a visita de Joy Elliot, embaixadora da marca, para o lançamento da linha 1824 Series com quatro rótulos: Gold, Amber, Sienna e Ruby, refletindo as cores reais dos uísques da série.
A criação é obra do mestre distiller Bob Dalgarno, que levou em conta a identificação da cor natural obtida no processo de maturação em diferentes tipos de barris enquanto o tipo de madeira definiu o sabor, do mais delicado até notas mais complexas como frutas secas. Comparativamente em termos de paladar, poderíamos dizer que o Gold representa um 10 anos, o Amber é um 12, o Sienna é um 15 e o Ruby, um 18 anos. Para o mercado brasileiro a empresa resolveu apostar no Amber e no Ruby, que já estão à venda.
Outra marca muito conhecida pelos apreciadores de single malt é a Talisker 10 anos, que recentemente lançou o Talisker Storm sem definição de idade no rótulo. As propriedades do uísque praticamente são as mesmas, um toque defumado no paladar e alto teor alcoólico, de 45,8%. Com essas duas características marcantes, é possível que o novo produto tenha de 7 a 9 anos de envelhecimento.
O barril não é mais o mesmo
O uísque sempre foi uma bebida previsível com relação aos ingredientes, destilação e até mesmo envelhecimento, sempre feito em barris de carvalho. Uma das pioneiras em mudar esse conceito foi a marca de single malt Glenmorangie, que já produz – além do tradicional envelhecido em barris de carvalho – versões que passam por barris de vinho do Porto, Jerez e até mesmo do vinho de sobremesa Sauternes. A mais recente criação da marca é o projeto Glenmorangie Cask Masters, em que os apreciadores estão interagindo no site da empresa e definindo todos os passos da criação de um novo single malt.
Em relação à escolha do tipo de barril, o ganhador foi o da variedade de vinho Manzanilla, produzido na Espanha. Os consumidores escolheram também o nome, o design da garrafa e até o evento de lançamento. Um fato relevante é que o Glenmorangie Ealanta foi considerado por Jim Murray, autor da Whisky Bible, o melhor single malt de 2013.
Já o single malt Dalmore King Alexander III Highland envelhece em seis tipos diferentes de barris ao longo de sua produção: um já usado para bourbons, outro para Jerez Oloroso Matusalem. Depois, passa por pipas de Porto, Madeira, Marsala e termina em barris utilizados previamente para envelhecer vinhos Cabernet Sauvignon de Bordeaux.
Novos sabores
Nos Estados Unidos, a tendência é outra: os produtores seguiram os de vodca e estão apostando na flavorização do produto. Quem começou foi a tradicional marca Jim Beam, quando surpreendeu o mercado com o Jim Beam Red Stag Black Cherry, com cerejas pretas. Como o sucesso foi grande, a destilaria lançou outra versão com sabor de mel e, mais recentemente, o Jim Beam Red Stag Spiced with Cinnamon, com especiarias e canela (tendo 40% de teor alcoólico).
O mel também foi eleito pela Jack Daniel’s, que resolveu lançar o Tennessee Honey, que na verdade é considerado licor, devido a seus 35% de teor alcoólico e à adição de açúcar. Porém, a fórmula resume-se a puro Jack Daniel’s e mel.
Pensa que é só um modismo? Pois saiba que a tradicional marca de uísque irlandesa Bushmills lançou uma versão com mel e a escocesa William Lawson, uma spiced. Sinal dos novos ventos que sopram no mundo do uísque.
Publicado na Revista GQ de 8 de abril: http://gq.globo.com/Prazeres/Bebidas/noticia/2014/04/o-novo-manual-do-uisque.html
Não é fácil tirar Richard Paterson da Escócia. Tem que ser por uma boa causa. E o crescimento do mercado de whisky no Brasil nos últimos anos é sem dúvida um bom motivo para o Master Blender da Whyte & Mackay voar da gelada Inverness, nas highlands escocesas, para os nossos trópicos.
Ele desembarca no Brasil para lançar o Dalmore King Alexander III, o single malt mais importante e de maior prestígio do “core range” da Dalmore. A primeira parada é no Rio de Janeiro para um evento exclusivo no dia 10 de Setembro, depois São Paulo no dia 11 e finalmente Recife no dia 12.
Considerado o mais extraordinário e premiado master blender de todos os tempos, Richard Paterson, também é conhecido como “The Nose”, pois seu nariz foi segurado em US$ 2,6 milhões (R$ 5,2 milhões) pela Lloyd´s está na profissão há mais de 40 anos. Boa parte desses anos passados no grupo Whyte & Mackay, que inclui os single malts Dalmore e Jura e o blended whisky Whyte & Mackay.
O Dalmore King Alexander III é uma das obras primas de Richard e envelhece em 6 barris diferentes: de vinhos Cabernet Sauvignon, Jerez Oloroso, Marsala, Madeira, Porto; e de whisky Bourbon. Richard seleciona cuidadosamente os barris e avalia pessoalmente a evolução do processo de maturação desse aclamado single malt.
Com vocês, a lenda do King Alexander III.
Publicado em Notas de Degustação / Vídeos, Notícias
Com a tag Dalmore, Dalmore King Alexander III, Jura, Richard Paterson, Whyte & Mackay
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