-
Arquivo
- janeiro 2016
- dezembro 2015
- novembro 2015
- outubro 2015
- setembro 2015
- agosto 2015
- julho 2015
- junho 2015
- maio 2015
- abril 2015
- março 2015
- fevereiro 2015
- janeiro 2015
- dezembro 2014
- novembro 2014
- outubro 2014
- setembro 2014
- agosto 2014
- julho 2014
- junho 2014
- maio 2014
- abril 2014
- março 2014
- fevereiro 2014
- janeiro 2014
- dezembro 2013
- novembro 2013
- outubro 2013
- setembro 2013
- agosto 2013
- julho 2013
- junho 2013
- maio 2013
- abril 2013
- março 2013
- fevereiro 2013
- janeiro 2013
- dezembro 2012
- novembro 2012
- outubro 2012
- setembro 2012
- agosto 2012
- julho 2012
- junho 2012
- maio 2012
- abril 2012
- março 2012
- fevereiro 2012
-
Meta
Arquivo do Autor: Alexandre Campos
Cesar Adames, o maior especialista em bebidas do Brasil, nos traz mais um grande evento. Ele promoverá no próximo dia 12 de agosto (quarta-feira), às 19h30 na Casa do Porto (Al. Franca, 1225, São Paulo), uma Masterclass com 11 tipos de single malts disponíveis em nosso mercado.
E os participantes não terão apenas uma grande aula sobre o mais nobre dos whiskies, a degustação seguirá no NOH Bar (R. Bela Cintra, 1709, São Paulo), onde serão servidos drinques com single malts.
Durante a apresentação, Cesar explicará em detalhes todas as características que definem e diferenciam um single malt e comentará sobre as destilarias que farão parte da degustação.
São apenas 20 vagas! Corram para não ficarem de fora!
Valor: R$ 180,00 (apresentação/degustação/1 drinque com single malt no NOH Bar)
Inscrições: (11) 3061-3003, com Nice.
Por Alexandre Campos
Ainda me lembro da minha visita a Glenfiddich em 2006. Foi uma das primeiras destilarias que conheci e ainda hoje uma das mais bonitas que já visitei. Daí o carinho que tenho por esse grande malte de Speyside.
A trajetória da Glenfiddich, que completa 125 anos no Natal desse ano, começa com o empreendedorismo de William Grant. Depois de trabalhar por 20 anos na destilaria Mortlach, e após juntar centavo por centavo, William Grant foi capaz de erguer a Glenfiddich em apenas um ano, com a ajuda de sua esposa, seus 7 filhos e 2 filhas. Uma linda história de dedicação e paixão por whisky que foi coroada com o que é hoje a maior destilaria de whisky Single Malt do mundo.
Tive a oportunidade de provar quase toda a linha do Glenfiddich, do 12 anos ao 40 anos. O 15 anos, por exemplo, envelhecido pelo método solera, é um dos melhores Single Malts encontrados em nosso mercado.
Já garanti minha edição comemorativa dos 125 anos da destilaria. Uma bonita garrafa guardada em um lugar especial de minha coleção.
Parabéns Glenfiddich! Vida longa e próspera!
Por Alexandre Campos
Existem duas formas de se proteger contra os whiskies falsificados comercializados no Brasil:
i) exigir o selo de recolhimento de IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) na tampa de suas garrafas. O lacre da Receita Federal confirma que a bebida foi importada corretamente já que a selagem ocorre junto ao produtor no exterior, garantindo, portanto, a procedência da bebida. E o selo não serve apenas para as bebidas importadas, mas para lacrar as nacionais também. Do contrário, você estará comprando uma bebida clandestina e de procedência duvidosa.
ii) verificar as informações em português do importador e distribuidor brasileiro na garrafa. Whiskies mais comuns são falsificados usando-se garrafas originais vazias e enchidas com bebidas mais baratas, mas no Brasil essa ocorrência é menor entre os whiskies mais caros. O problema da adulteração de whiskies mais caros se dá entre nossos países vizinhos que fornecem os Single Malts e Blendeds premium piratas e adulterados ao mercado brasileiro.
Testes como sacudir a garrafa para checar as bolhas, ou tocar a garrafa com caneta para se verificar o som produzido, não têm embasamento algum para atestar a autenticidade de um whisky, ou qualquer outro destilado. Não passam, portanto, de folcore e lendas urbanas.
Faremos em breve um post detalhando o que se esperar em uma garrafa original de whisky.
Lembre-se, exija sempre em suas garrafas o selo do IPI e as informações em português do importador e distribuidor brasileiro! E denuncie a Receita Federal caso seja enganado e receba um whisky sem essas informações!
Publicado em Curiosidades & Educação, Notícias
Com a tag falsificação de whisky, whisky falsificado
24 comentários
Por Alexandre Campos
Notas de degustação já são algo bastante difundido na indústria de bebidas. Especialistas, sommeliers de vinho, connaisseurs de destilados, apaixonados por whisky, blogueiros e curiosos parecem afoitos para darem suas opiniões sobre o que andam bebendo.
Nada contra as notas de degustação. Na verdade fazemos uso delas e muitas são excelentes referências para sabermos de antemão o que esperar de uma bebida. Principalmente quando tais notas são elaboradas com certo rigor metodológico por profissionais experientes.
Uma coisa porém tem que ficar clara. Identificação de aromas, sabores e complexidade em uma bebida é algo muito particular. E suscetível, obviamente, a gostos pessoais. E como diz o ditado popular: “gosto não se discute”. Dessa forma, o que é bom para o Jim Murray, autor do Whisky Bible, pode não ser bom para mim, e vice-versa.
A questão fica ainda mais controversa quando notas numéricas são atribuídas as notas de degustação. Quem gosta de whiskies enfumaçados, por exemplo, sempre atribuirá notas maiores aos single malts de Islay em comparação com os de Speyside. E fica a pergunta, um é realmente superior ao outro?
E por falar em notas de degustação e avaliação de bebidas, saiu a premiação dos whiskies da publicação Whisky Bible 2013. Os dois primeiros lugares ficaram com dois whiskies da destilaria americana Buffalo Trace: Thomas Handy Sazerac e William Larue Weller, respectivamente. Já o terceiro lugar foi para o Ballantine’s 17, eleito, portanto, o melhor Scotch de 2013.
Apesar das controvérsias em relação as notas de degustação, o Whisky Bible ainda é uma excelente fonte de informação em relação aos whiskies disponíveis no mercado. Boa leitura!
Alexandre Campos
O novo Whisky Bible 2013, de Jim Murray, já está disponível como pré-venda no website do autor: www.whiskybible.com
São 4.500 whiskies degustados e avaliados com suas respectivas notas de degustação e pontuações — que já geraram muita polêmica na indústria. De fato, é bom lembrar que algumas pontuações conferidas por Jim Murray são, digamos, um pouco esquisitas para os padrões de outros connaisseurs de whisky. Porém, gosto é gosto, e cada um tem o seu, ainda que estejamos falando de especialistas. Portanto, qualquer um pode gostar e apreciar um whisky mal avaliado pelo “papa” do whisky, como alguns se referem ao autor.
Em minha opinião, a obra é interessante pela quantidade de whiskies avaliados. Boa parte dos whiskies disponíveis nesse mundo passaram pelo nariz de Jim Murray. E está tudo lá, devidamente documentado nas 384 páginas escritas por ele.
Publicado em Livros de Whisky
Com a tag Jim Murray, Livros de Whisky, Whisky Bible
Deixar um comentário
Lips that touch wine shall never touch mine — slogan feminino a favor da Lei Seca americana
Tennessee, sul dos Estados Unidos. Lugar conservador para certos padrões, onde ainda impera a Lei Seca em alguns condados. Na pequena cidade de Lynchburg, condado de Moore, o único lugar onde se pode comprar bebida alcoólica é na destilaria da Jack Daniel’s, que tem licença especial para a venda de whiskey. De fato, ainda hoje há condados, em muitos estados americanos, onde a venda de bebidas alcoólicas é rigorosamente proibida — são os dry counties (condados secos).
Mas, para quem aprecia um bom trago, a situação já foi muito pior na terra do Tio Sam. Em 17 de janeiro de 1920, os Estados Unidos implementavam a 18ª Emenda Constitucional (18th Amendment). Associada a ela estava o Volstead Act, conjunto de leis concebidas e escritas pelo procurador da república, Wayne Wheeler, e encabeçadas pelo congressista republicano Andrew Volstead.
A partir daquela data, toda a produção, comercialização e consumo de bebidas com mais de 0.5% de álcool estavam proibidos na totalidade do território americano. Um dos experimentos sociais mais controversos da história do país, com consequências inesperadas e desastrosas para a toda a sociedade.
Algumas pequenas exceções eram feitas, como o uso de whiskey por prescrição médica ou em rituais religiosos. Os Estados Unidos passaram, do dia para noite, a ser uma nação cheia de rabinos, padres, reverendos — e também de doentes que buscavam a cura no whiskey. Até o single malt escocês Laphroaig conseguiu entrar no país como medicamento. Sabemos que ele se diferencia por um sabor medicinal, presente também em outros whiskies da ilha de Islay, mas daí a dizer que é um santo remédio…
Uma coisa era criar a lei, outra seria aplicá-la. Na época, o governo central e os estados americanos encontravam-se totalmente despreparados para lidar com o Volstead Act. Não havia policiais, guarda costeira ou juízes suficientes para combater o comércio de bebidas e os fora da lei, fruto da completa desorganização e da falta de planejamento dos governantes e legisladores. Isso sem falar das autoridades locais que se opunham à legislação, como Edward Edwards, governador democrata de New Jersey, que declarou que seu estado não aderiria à Lei Seca — “New Jersey will remain as wet as the Atlantic Ocean…”
A nação estava completamente dividida entre os que eram a favor da proibição (drys — secos), em sua maioria de republicanos, e os que eram contra (wets — molhados). A divergência estendia-se aos produtores: alguns aderiram à lei imediatamente, enquantos outros resolveram atuar na ilegalidade. Como, por exemplo, os fabricantes do whiskey Templeton Rye, que há pouco tempo tive a oportunidade de degustar no Brandy Library, excelente bar de destilados em Nova Iorque.
O que provei foi uma versão do Templeton Rye, um whiskey com 51% de centeio, chamada Prohibition Era que até hoje usa a receita da época da Lei Seca. Isto mesmo: o pessoal da Templeton seguiu produzindo clandestinamente seu whiskey, durante os 13 anos em que a Lei Seca esteve em vigor…
Foi aí que entendi por que o balanceado e aromático Templeton Rye era o whiskey favorito do mais famoso gângster da história americana, Alphonse Gabriel Capone, o lendário Al Capone. Reza a lenda que esse whiskey conseguiu entrar até mesmo na seguríssima prisão de Alcatraz, onde o célebre Scarface cumpriu pena por quase 5 anos, depois de haver feito fama e fortuna com o comércio ilegal de bebidas na época da Lei Seca.
O Templeton Rye Prohibition Era vale por ser um belíssimo destilado com aromas de cedro e impactantes sabores de especiarias como cravo, canela e noz-moscada. Onde estavam com a cabeça os governantes americanos para proibirem seus compatriotas de deleitarem-se com essa maravilha…?
A história diz que a Lei Seca americana veio com o intuito de combater o alcoolismo e todas as mazelas correlatas, como a violência. Mas o que se vivenciou foi exatamente a multiplicação, como nunca antes, de diversos problemas sociais.
O comércio ilegal de bebidas era extremamente lucrativo, e financiou não só Al Capone, mas todo o crime organizado da época. Os territórios (mercados) de distribuição de bebidas como o whiskey eram disputados violentamente. Coisa muito parecida com que acontece hoje com o tráfico de drogas, no Rio de Janeiro e em outros grandes centros urbanos do País.
A audácia dos criminosos era tanta que eles chegaram a reunir-se uma vez em Atlantic City com a ideia de dividir as áreas de atuação de acordo com a repartição jurisdicional implantada pelo Federal Reserve (Banco Central americano). Seria uma forma de evitar conflitos e mais violência.
Corria sangue na Chicago da década de 20, onde Al Capone atuava, mas jorrava também muito whiskey e rum. O primeiro, contrabandeado principalmente do Canadá; o segundo, do Caribe.
A Lei Seca americana nunca tornou os Estados Unidos realmente dry, provando ser um completo fracasso. Al Capone, por exemplo, não foi condenado pelo tráfico e contrabando de bebidas alcoólicas, mas por sonegação fiscal.
Se não fossem Michael Jordan e o fabuloso time do Chicago Bulls da década de 90, a cidade de Chicago ainda teria como único ícone o eterno inimigo do intocável Eliot Ness. E talvez, se não fossem a depressão econômica e a necessidade de gerar receita fiscal com a taxação de bebidas alcoólicas, os EUA ainda poderiam estar vivendo na maior “secura”. Para o desespero de americanos como Humphrey Bogart, para quem todo homem nasce com duas doses de whiskey abaixo do normal…
Publicado em Curiosidades & Educação
Com a tag Jack Daniel's, Laphroaig, Templeton Rye, Tennessee Whiskey
Deixar um comentário
Por Alexandre Campos
Na manhã do dia 30 de agosto de 2010 visitei a Bowmore, uma das minhas destilarias preferidas. Tive a honra de ser convidado a fazer seu tour mais exclusivo, tendo David Angus Turner, o chefe do processo de destilação, como meu tutor. David trabalha na destilaria há mais de 25 anos. Orgulhoso, admite que a Bowmore é grande parte da sua vida.
Fundada em 1779, a destilaria é controlada atualmente pelo gigante grupo japonês Suntory, e rivaliza com a Macallan, de Speyside, em termos de prestígio. O Single Malt da Bowmore é menos esfumaçado que o Laphroaig, Lagavulin ou Ardbeg. Isso é explicado pelo fato de que a Bowmore defuma o seu malte a 25ppm de fenóis.
Ao fim do passeio, tive a oportunidade de provar todos os Single Malts da Bowmore. Foram tantos, todos assessorados por David que dizia: “Prove este e veja o que acha. E esta outra versão, que tal?” Perguntei ao meu tutor qual era o melhor whisky que ele tinha tomado na vida, e a resposta foi imediata: “Black Bowmore”. Esse Single Malt, lançado em pouquíssimas quantidades, foi envelhecido em barris de vinho Jerez Oloroso e hoje custa em torno de R$ 10,000. É encontrado principalmente em leilões de whisky.
Minha última parada em Islay foi na Kilchoman. Fundada em 2005, é a primeira destilaria construída em Islay nos últimos 124 anos e a mais jovem da Escócia. Em um mercado onde tradição é importante, a Kilchoman não deixa nada a desejar aos grandes e tradicionais nomes da indústria. Eu, particulamente, sou um fã incondicional da Kilchoman e tenho todas as versões de Single Malts lançadas pela destilaria até o momento.
Por ser uma destilaria ainda muito jovem, a Kilchoman só lançou até agora versões de Single Malts envelhecidas por 3 anos (o mínimo de envelhecimento pela legislação escocesa) em barris que envelheceram previamente whisky bourbon americano e vinho Jerez. Seu Single Malt é equilibrado, balanceado e rico em aromas e sabores. Uma obra-prima recém-criada em Islay.
Em minha visita à destilaria, tive por cicerone ninguém menos que o gerente geral John Maclelland, que trabalhou também por quase 21 anos na Bunnahabhain, outra destilaria de Islay. John me contou que a “Kilchoman é uma das 7 remanescentes destilarias de whisky na Escócia que fazem seu próprio processo de maltagem da cevada. As outras são: Balvenie, BenRiach, Bowmore, Highland Park, Laphroaig e Springbank”.
A Kilchoman foi o encerramento perfeito da minha passagem pela bonita, mística e agradável ilha de Islay. Não vejo a hora de retornar a esse lugar onde as pessoas guardam as tradições, a cordialidade, o respeito e a solidariedade, além de produzirem um dos melhores destilados do mundo.
Mais relatos de nossas viagens pelo mundo do whisky ainda estão por vir…
Por Alexandre Campos
É notória, e as vezes até irritante, minha predileção pelo whisky. Ele é para mim a quintessência de uma bebida em uma garrafa. Mas aqueles que me conhecem sabem que aprecio outros destilados também. E que tenho um carinho todo especial pela cachaça.
Sou brasileiro, não desisto nunca, e gosto, gosto de cachaça. Por isso separei dois bons vídeos do site Mapa da Cachaça (www.mapadacachaca.com.br) que falam da nossa grande bebida. O primeiro é com Leandro Batista, cachacier, explicando sobre o processo de produção da bebida.
Por Alexandre Campos
Doze é um número mítico e místico. Doze foram os deuses olímpicos do panteão, os apóstolos que seguiram Jesus, as tribos de Israel e os trabalhos de Hércules. E com doze mitos encerramos nossa seção mitológica sobre whisky.
O décimo mito é de que o whisky Bourbon tem que ser envelhecido em barris virgens de carvalho americano. A legislação americana diz que os barris têm de ser virgens e de carvalho. Entretanto, não faz nenhuma menção ao tipo de carvalho a ser usado. Dessa forma, carvalho europeu também pode ser usado no envelhecimento de whisky Bourbon. Porém, por uma questão econômica os produtores de Bourbon acabam usando o carvalho americano que é plantado e, como o próprio nome já diz, encontrado em território americano.
E o nosso décimo primeiro mito fica com os que acreditam que whisky Bourbon só possa ser produzido no estado de Kentucky. Ainda que o estado de Kentucky seja o maior produtor, Bourbon é produzido em vários outros estados americanos. Como é o caso do Bourbon Virginia Gentleman, produzido no estado da Virginia.
Apenas Bourbon e Tennessee whisky são produzidos nos EUA. Décimo segundo mito! Existem whiskies de centeio (rye whisky), whiskies de milho (corn whisky) e até mesmo Single Malt whiskies sendo produzidos na terra do Presidente Barack Obama.
Será que Hércules tomou um whisky para relaxar depois dos seus Doze Trabalhos? Ao menos um vinho ele deve ter encarado depois de tanto esforço…
Publicado em Curiosidades & Educação
Com a tag Bourbon, Tennessee whisky, Virginia Gentleman
Deixar um comentário
Por Alexandre Campos
Ao chegar a Port Ellen, fui recebido no pequeno hotel (com honras de Estado…) pelo dono, Harold Hastie. Acho que não é todo dia que um brasileiro aparece perambulando pela ilha.
Harold e sua esposa Margaret são nativos de Islay e donos do “The Grange Guesthouse”, um charmoso “B&B” em Port Ellen. Harold é também pescador e membro da guarda costeira de Islay. Uma figura lendária e divertida que me fez várias perguntas sobre como é a vida no Brasil.
Nossa interessante conversa se prolongou por várias horas. O papo era regado por excelentes Single Malts que Harold ganha de seus amigos das destilarias de Islay, e de outras regiões da Escócia. A popularidade de Harold é tão grande em Islay que três Single Malts foram produzidos em sua homenagem, o mais famoso deles batizado de “Yellow Submarine”. Trata-se de uma edição especial de 12.000 garrafas da Bruichladdich, outra destilaria de Islay, lançada em 2005 em comemoração a um incidente muito interessante ocorrido na ilha.
Harold começa a contar a história que o deixou ainda mais famoso no lugar.
Em meados de 2005, a marinha de guerra britânica fazia um treinamento tático na costa de Islay quando, por puro esquecimento, deixou para trás seu caro e importante mini-submarino. Operado por controle remoto e usado para detectar minas, o equipamento foi apelidado de “Yellow Submarine”, dada a cor amarela e a semelhança com o desenho imortalizado junto à famosa canção dos Beatles.
Por obra do destino, o “Yellow Submarine” foi encontrado justamente pelo meu anfitrião Harold, que o rebocou até o jardim da sua casa. Avisada por ele do achado, a marinha britânica não deu a menor bola para o feito e, em princípio, recusou-se a admitir que havia perdido o equipamento (que custa ao redor de R$ 1.5 milhão).
Não tinha dúvida de que estava ali ouvindo uma legítima história de pescador, mas essa verdadeira, pois inúmeras doses de whisky depois, Harold me dizia: “Alex, aqueles idiotas da marinha não quiseram admitir o erro. O “Yellow Submarine” ficou mais de 3 meses no meu jardim e virou até atração turística. Eu me divertia com os nossos habituais turistas japoneses vindo até aqui para tirar fotos…”. Dada a fama do “Yellow Submarine” e o interesse da imprensa no caso, a marinha não teve outra saída senão assumir o erro e resgatar o aparelho do quintal de Harold. Foi um dos melhores casos que já ouvi na vida!
Na tarde do dia 29 de Agosto de 2010 Harold me deu carona até o hotel Lochside, na vila de Bowmore onde eu iria passar a noite. O bar do hotel Lochside tem mais de 300 diferentes Single Malts, todos de Islay. Um convite irresistível para alguém que, como eu, gosta de um pouco de fumaça no whisky.
We all live in a yellow submarine, yellow submarine, yellow submarine. We all live in a yellow submarine, yellow submarine, yellow submarine…