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Arquivo do mês: abril 2015
Em uma prévia do que teremos em nossa degustação neste sábado (25/04), Maurício Salvi comenta um pouco sobre o Glenfarclas 15.
Em tempo, nós estaremos sorteando 1 garrafa deste belo single malt em nosso evento.
Glenfarclas é um dos maltes mais apreciados de Speyside e um dos raros na Escócia predominantemente envelhecidos nos caros e prestigiados barris de ex-vinho Jerez. A Glenfarclas foi fundada em 1836 e adquirida em 1865 por John Grant, sendo uma das poucas destilarias escocesas ainda controlada de forma independente por um grupo familiar.
A química por trás do whisky é bastante intrigante.
Compostos fenólicos contribuem com aromas e sabores enfumaçados e amargos. O cresol, da família fenólica, é que fornece as características medicinais encontradas, por exemplo, em maltes como o Laphroaig.
As lactonas encontradas nos barris de carvalho passam sabores e aromas amadeirados, de coco e apimentados. Os aldeídos também fornecem sabores e aromas amadeirados e apimentados, como as lactonas, mas além disso contribuem com características de cereais, vegetais e baunilha.
Os sabores e aromas frutados de pera, maça, banana, por exemplo, vêm dos ésteres. A maioria dos whiskies é filtrada a frio para retirar os ésteres, que quando resfriados se condensam deixando a bebida com um aspecto turvo.
Mais detalhes no interessante infograph abaixo.
Publicado em Curiosidades & Educação
Com a tag Curiosidades & Educação, Laphroaig, Single Malt, Whisky & Curiosidades
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Por “O Cão Engarrafado”
Vou ser objetivo com vocês. Eu adoro qualquer coisa consumível que seja defumada. Isso inclui sólidos e líquidos. Quer me ver feliz? Faça um jantar que inclua, em algum momento, calabresa defumada, bacon ou salmão defumado. Ou os três. Com um bacontini. Sim, isso é um Martini com bacon.
Inclusive, há uns meses atrás, durante uma visita ao supermercado, achei que tinha feito uma descoberta que mudaria para sempre minha vida. Fumaça líquida. Fumaça líquida é uma espécie de essência, que você pode borrifar em cima de alimentos, para deixá-los com um certo aroma de fumaça. Ou seja, delícia líquida. Comprei logo dois vidros. Na minha imaginação, eu poderia defumar tudo agora. Pense em um hambúrguer defumado, com pão defumado, queijo defumado e alface defumado. Perfeito!
Meus primeiros testes com a fumaça líquida foram ótimos. Inclusive, fiz um espaguete com azeite, alho, pancetta, fumaça líquida e mais umas coisinhas que ficou bem decente. Só que aí eu comecei a ficar corajoso. E com a coragem, veio naturalmente a estupidez. Alguém aí já tentou iogurte defumado? Eu já, e é horrível.
Houve apenas uma coisa que eu não tentei defumar. Whisky. Não tentei porque, em um lampejo de consciência dentro da minha histeria defumatória, admiti que jamais produziria algo tão bom quanto, por exemplo, o Johnnie Walker Double Black.
O Double Black foi lançado em 2010, ano em que grande parte do porfólio da Johnnie Walker foi reformulado. De acordo com a marca, seu master blender, Jim Beveridge, teria utilizado o famosíssimo Black Label como ponto de partida, para posteriormente alterar sua fórmula, aumentando a participação de single malts provenientes da costa oeste da Escócia, famosos por seu aroma com caráter defumado.
Assim como o hambúrguer cem por cento bovino do McDonald’s, a composição exata dos single malts que compõe o Double Black é mantida em absoluto segredo. Entretanto, ao contrário da carne bovina, podemos especular que o Double Black contenha whiskies das destilarias Cardhu, Oban e Talisker, com uma generosa adição de Caol Ila e Lagavulin. Estes últimos provenientes da ilha de Islay, e famosos por seu aroma de fumaça. Bom, essa é uma hipótese. A outra é que Jim Beveridge borrifou fumaça líquida em um Black Label. Mas olha, se pudesse apostar, apostaria na primeira teoria.
O Double Black é um blend sem idade determinada. Ou seja, a garrafa não informa a idade do whisky mais novo na sua composição. Ainda que muitos considerem um demérito, o no-age-statement permite que se crie um produto mais consistente e regular, buscando sabores específicos, como é o caso do Double Black. Isso é uma tendência até entre single malts de peso, como o Dalmore King Alexander III e o Macallan Ruby (e aí, ainda acha isso um demérito?)
O Johnnie Walker Double Black possui aroma predominantemente defumado, mas com caráter também floral, doce e equilibrado. Se você está começando no mundo dos whiskies com aroma de fumaça, e está buscando algo versátil e ao mesmo tempo com bom custo-benefício, o Double Black é minha sugestão. Ou isso, ou compre um pouco de fumaça líquida e borrife sobre o mundo. Boa sorte!
JOHNNIE WALKER DOUBLE BLACK
Tipo: Blended Whisky sem idade definida
Marca: Johnnie Walker
Região: N/A
ABV: 40%
Notas de prova:
Aroma: frutado, levemente cítrico, com caramelo e leve fumaça. Lembra bastante molho barbecue.
Sabor: bem mais defumado do que o aroma, levemente picante, com final defumado e salgado.
Com Água: adicionando-se um pouco de água, o sabor defumado e picante fica menos evidente, e o caráter frutado e doce fica mais claro.
“O Cão Engarrafado” é Maurício Porto, advogado e colecionador de whisky. Seu interesse pelo destilado nasceu após uma viagem à Escócia, onde conheceu várias destilarias e o processo de fabricação de seus whiskies. Participou ainda de diversos cursos sobre a bebida, muitos organizados pela Single Malt Brasil (SMB) e pela Wine and Spirit Education Trust (WSET) de Londres. Assina o blog homônimo, “O Cão Engarrafado” (www.ocaoengarrafado.com.br).