Marca “cachaça” é finalmente reconhecida como brasileira nos EUA

Artigo publicado na Revista Exame

Mirela Portugal, 11/04/2013

São Paulo – Para os brasileiros, pode soar tão grave quando dizer que nossa capital é Buenos Aires. Mas nos Estados Unidos, por muito tempo, a cachaça tem sido conhecida como “rum brasileiro” ou “brazilian rum”.

A partir desta quinta-feira (11 de abril), no entanto, essa realidade começa a mudar. Hoje é o primeiro dia em que o nome “cachaça” virou uma marca com direitos de uso exclusivos para produtos fabricados no Brasil, e de acordo com os padrões de qualidade nacionais.

A mudança ocorre após mais de uma década de negociação, e foi aprovada pelo Alcohol and Tobacco Tax and Trade Bureau (TTB), órgão do governo americano especializado no comércio de álcool e tabaco, em fevereiro.

A ideia é potencializar os ganhos com a bebida, dando o mesmo tipo de selo que a França ganhou com o direito exclusivo de chamar de champanhe o vinho espumante que produz. Ou o México com a tequila.

“É importante porque evita que a cachaça se torne um destilado genérico, vindo de qualquer país. Do ponto de vista do mercado, para as marcas brasileiras é a chance de garantir uma reserva junto aos consumidores internacionais e fomentar a exportação”, afirma Vicente Bastos, presidente da diretoria executiva do Instituto Brasileiro da Cachaça (Ibrac), que reúne empresas e produtores.

Bastos explica que, entre as mudanças, está sendo gestada uma campanha de promoção do nome e da imagem da cachaça fora do país. “Os americanos, por exemplo, conhecem mais a caipirinha do que a cachaça. Nossa ideia é investir no marketing da caipirinha autêntica”, diz.

Do ponto de vista das marcas nacionais, a decisão também representa uma boa janela num mercado qualificado como o americano. A expectativa da Ypióca, empresa adquirida pela Diageo em 2012, é que se ampliem as oportunidades para a categoria, que pode aproveitar a “legitimização” da bebida. “A cachaça segue conquistando cada vez mais consumidores, e há um movimento de “premiunização” no mercado. O consumidor está disposto a pagar mais por marcas premium”, afirma Eduardo Bendzius, diretor de marketing da Ypióca.

O destilado de açúcar gera 15 milhões de dólares por ano às empresas brasileiras, sendo que 2 milhões saem dos Estados Unidos.

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